Com apenas 19 anos, Diogo Veloso e Diogo Fazenda trocaram os campos do distrito de Leiria pelos relvados da Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte, onde alimentam a ambição de um dia chegarem à Major League Soccer.
O defesa esquerdino Diogo Veloso, que representou o Caldas, iniciou esta aventura em janeiro deste ano. Natural de Torres Vedras, o jovem jogador explica que a decisão teve por base “as condições excecionais que aqui encontramos, a qualidade crescente do futebol americano e o profissionalismo da UNC Charlotte, além da possibilidade única de conciliar os estudos com a prática desportiva de alto nível”.
Já Diogo Fazenda, médio defensivo que alinhou pelo Torreense e foi chamado às seleções nacionais de sub-18, chegou mais recentemente aos Estados Unidos. Nascido no Montijo e com 19 anos completados em agosto, confessa que “sentia necessidade de uma nova aventura, tanto na vida como no futebol”. O contacto com Veloso foi decisivo: “Ele transmitiu-me as condições e o profissionalismo do College Soccer. Depois de investigar melhor, a decisão tornou-se óbvia.”
Reencontro do outro lado do Atlântico
Os dois jovens já se conheciam dos tempos em que partilharam o balneário dos juvenis do Torreense, na época 2022/23. Juntos, contribuíram para um marco histórico do clube: a primeira participação na fase de apuramento do campeonato nacional da categoria.
A adaptação ao futebol americano tem exigido ajustes. Veloso destaca que “o futebol aqui é muito mais físico, com atletas de maior qualidade”. Esta realidade obrigou-o a trabalhar intensamente “a resistência, velocidade e força”, mas encara estas exigências como “uma grande vantagem” para o seu desenvolvimento.
Fazenda também se mostra satisfeito com a experiência: “A adaptação tem corrido muito bem. Existe um companheirismo excecional na equipa, e tanto treinadores como staff demonstram uma preocupação constante com o bem-estar dos atletas.”
João Delgado: o facilitador de sonhos
A ponte entre estes jovens e o futebol universitário americano foi João Delgado, empresário e antigo jogador que percorreu caminho semelhante há nove anos. A ligação estabeleceu-se através do pai de Diogo Veloso, Rui Veloso.
“Quando parti para os Estados Unidos, havia pouca informação e oportunidades para jovens portugueses”, recorda João Delgado. “Consegui criar o meu percurso e estabelecer contactos com diversos treinadores. Essa experiência levou-me a criar a minha empresa, com o objetivo de ajudar jogadores que não querem abandonar os estudos.”
O processo funciona através de um sistema de recrutamento onde treinadores universitários americanos identificam jogadores de qualidade. As bolsas de estudo incluem propinas, alojamento, alimentação, seguros de saúde e equipamento desportivo. “Este ano, os jogadores podem mesmo receber uma ajuda de custo durante o período em que estudam e jogam”, acrescenta Delgado.
Objetivos bem definidos
Ambos os jovens têm metas claras para o futuro. Veloso almeja “assinar um contrato profissional num clube onde me sinta valorizado”, enquanto Fazenda partilha a mesma ambição, mas acrescenta: “Quero também concluir a licenciatura, que foi um fator determinante na minha vinda para Charlotte.”
Para estes dois jovens do Oeste, o futebol universitário americano representa não apenas uma oportunidade desportiva, mas também académica, numa combinação que poderá abrir-lhes as portas do sonho maior: o futebol profissional americano.