Câmara da Nazaré não afasta sabotagem após novo episódio de poluição na praia

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Nazare

A Câmara Municipal da Nazaré admite investigar a possibilidade de sabotagem no sistema de saneamento, após um novo incidente que levou à interdição dos banhos na zona Norte da praia, embora reconheça a urgência de investir numa rede com seis décadas de existência.

“Neste momento não ponho de parte essa hipótese, porque temos um conjunto de fatores que vamos analisar”, declarou o presidente da câmara, Manuel Sequeira (PS), referindo-se ao entupimento da conduta que provocou, na terça-feira, uma escorrência de efluentes durante hora e meia.

Sistema antiquado sob pressão turística

O autarca socialista reconhece que existe “muita coisa estranha” na situação atual e que há pessoas que “conhecem o sistema muito bem, e, se calhar, alguns melhor que nós”. A obstrução ocorreu junto à Praça Manuel Arriaga e determinou a interdição preventiva dos banhos.

Manuel Sequeira admite a necessidade de “um grande investimento nas condutas, com mais de 50 ou 60 anos”, que não têm capacidade para responder à “grande pressão turística” que a Nazaré enfrenta durante o verão.

A situação agrava-se pela utilização incorreta do sistema por parte de alguns utilizadores, já que “não é normal tirar-se daquelas condutas panos de cozinha, esfregões, toalhitas” e outros materiais que provocam entupimentos.

Investimento adiado na zona Norte

Embora a conduta esteja hoje a ser limpa, o presidente da câmara considera que “o problema é muito difícil de resolver se não for através de um investimento grande”. Este investimento já foi realizado na parte Sul do sistema, mas “tem sido adiado na parte Norte, onde em 2020 houve um caso semelhante”. Nessa altura, foi retirada da conduta “uma toalha de praia”.

Esta é a segunda interdição da praia a banhos desde o início do mês. Em 1 de agosto, os banhos foram proibidos devido a uma descarga nos esgotos pluviais, situação que levou 116 pessoas a procurar assistência na Unidade Local de Saúde da Região de Leiria com sintomas relacionados com a contaminação da água.

Bloco de Esquerda exige medidas urgentes

Contrariamente às declarações do autarca, que afirma não haver “registo de pessoas com sintomas”, o Bloco de Esquerda alerta, em comunicado, que “segundo informações recolhidas localmente, há registo de pessoas que necessitaram de assistência hospitalar”.

O BE considera “intolerável” que “a antiga conduta de esgoto, cuja ligação à rede de esgotos já não deveria existir há vários anos, continue operacional”, colocando em risco “não só a saúde pública, mas também a economia local, fortemente dependente do turismo balnear”.

Exigências de transparência

O partido exige “o fecho imediato e definitivo da antiga conduta junto ao canto das pedras”, a “adaptação urgente e segura do sistema de esgotos” e “a divulgação pública, com total transparência, das análises à qualidade da água e das medidas corretivas em curso”.

Manuel Sequeira prevê ter os resultados das análises pedidas ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge até ao final desta quarta-feira. O autarca sublinha que, desta vez, “a descarga foi rapidamente detetada”, o que deverá evitar casos de contaminação.

O BE conclui que “a segurança da população e dos visitantes deve estar sempre acima de qualquer outra consideração” e que a Nazaré “não pode permitir que falhas graves na rede de saneamento comprometam a saúde das pessoas e a imagem da terra como destino turístico de excelência”.

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