Região Oeste prepara-se para receber maior evento internacional do sector com mais de 1500 especialistas
Portugal conquistou o direito de organizar um dos mais prestigiados eventos científicos internacionais na área do património geológico. O Geoparque Oeste foi selecionado para acolher a 12.ª Conferência Internacional da Rede Global de Geoparques da UNESCO, prevista para 2027 em Torres Vedras. Esta decisão coloca a região no epicentro das discussões mundiais sobre conservação geológica, turismo sustentável e ordenamento territorial.
O anúncio oficial ocorreu durante a edição anterior da conferência, realizada no Kütralkura Geoparque Mundial UNESCO, no Chile. A candidatura lusa superou outras propostas internacionais graças à qualidade da apresentação e ao forte apoio institucional demonstrado pelos municípios da região, universidades, sector turístico e comunidades locais.
A escolha representa um reconhecimento internacional da excelência do trabalho desenvolvido pelo Geoparque Oeste desde a sua criação. Este território, que abrange dez concelhos da região, tem-se destacado pela forma inovadora como articula a preservação do património natural com o desenvolvimento económico local e a educação ambiental.
O evento de 2027 promete transformar temporariamente Torres Vedras numa capital mundial da geologia. Especialistas de dezenas de países, investigadores universitários, responsáveis por geoparques de cinco continentes, decisores políticos e representantes de organizações internacionais convergirão para a cidade ribatejana. Esta concentração de conhecimento criará oportunidades únicas de intercâmbio científico e partilha de experiências entre profissionais de diferentes culturas e realidades geográficas.
Para a economia regional, o impacto promete ser substancial. Além do efeito imediato do turismo de negócios, a conferência funcionará como uma montra internacional das potencialidades da região Oeste. O sector hoteleiro, a restauração, o artesanato local e os produtores regionais beneficiarão da exposição mediática e dos contactos estabelecidos durante o evento.
As Caldas da Rainha, município fundador do Geoparque Oeste, antecipa particular benefício desta escolha. A cidade, conhecida pela tradição cerâmica, pelo termalismo secular e pelo património artístico, vê na conferência uma plataforma privilegiada para projetar internacionalmente a sua identidade cultural. A diversidade paisagística e geológica do território caldense, desde as praias da costa atlântica até às formações calcárias do interior, oferece exemplos práticos das temáticas centrais do evento.
A autarquia local sublinha que esta oportunidade reforça o compromisso da região com a conservação ambiental e a valorização do património natural. A participação no Geoparque Oeste desde a sua génese permitiu às Caldas da Rainha desenvolver competências específicas na área da geoconservação e do turismo científico, áreas que ganharão novo impulso com a realização da conferência.
A organização do evento exige agora uma coordenação complexa entre múltiplas entidades. Nos próximos dois anos, equipas técnicas especializadas trabalharão na definição do programa científico, na preparação das infraestruturas necessárias e na articulação logística para receber os participantes. Este processo envolverá não apenas as instituições oficiais, mas também empresários locais, associações culturais e cidadãos voluntários.
A realização desta conferência consolida Portugal como referência mundial na área dos geoparques. O país integra atualmente quatro territórios na Rede Global de Geoparques da UNESCO – Naturtejo, Arouca, Açores e Oeste – demonstrando uma diversidade geológica excecional num espaço territorial relativamente pequeno.
Para Torres Vedras, cidade que já acolheu eventos de dimensão nacional nas áreas cultural e desportiva, este representa o maior desafio organizativo de sempre. A capacidade hoteleira local será testada, assim como as infraestruturas de transporte e comunicação. Contudo, a experiência acumulada em eventos anteriores e o apoio das estruturas nacionais de turismo criam condições favoráveis para o sucesso da iniciativa.
A conferência de 2027 marca também um momento simbólico para o movimento dos geoparques a nível global. Estes territórios, que combinam património geológico excecional com estratégias de desenvolvimento sustentável, têm crescido exponencialmente nas duas últimas décadas. Portugal, pioneiro neste movimento a nível europeu, reafirma através desta escolha o seu papel de liderança na promoção da geoconservação e do turismo científico.