A 91FM recebeu esta manhã, nos seus estúdios, um ilustre convidado.
Com muitas décadas dedicadas à música, o Maestro Adelino Mota falou connosco da a edição 27 do Festival de Jazz do Valado dos Frades, Nazaré, um dos festivais de jazz mais antigos do país. O festival começou como um desejo da biblioteca Recreio, uma coletividade local fundada em 1933 para combater o analfabetismo na população rural.
A ideia de realizar um concerto de jazz inicialmente não foi bem recebida, mas após um concerto de sucesso em 1984, a iniciativa consolidou-se. Músicos como David Gibson e Mário Delgado foram alguns dos primeiros a participar. Ao longo dos anos, o festival cresceu, passando de concertos esporádicos para uma programação mais regular. A liberdade e a magia da música jazz permitem que músicos se juntem em pequenas pérolas de improvisação. Desde 1999, o festival recebe o apoio da Direção-Geral das Artes, o que tem garantido sua continuidade e crescimento.
“A elaboração da candidatura para o Festival de Jazz do Valado dos Frades é um processo complexo e minucioso. Requer argumentação sólida sobre as escolhas artísticas e uma direção artística bem fundamentada. O orçamento, aproximadamente 40.000 euros por edição, deve ser rigoroso, considerando despesas com artistas, técnicos, divulgação, logística e hospedagem.
O festival, que ocorre ao longo do mês, envolve cerca de 10 atividades, incluindo o “Jazz Vai à Escola”, uma iniciativa pedagógica que leva música jazz aos centros escolares locais. Este ano, um trio de órgão, composto por músicos locais, apresentará um repertório adaptado para crianças, visando também a formação de futuros públicos e músicos. O festival não apenas celebra a música, mas também investe no seu futuro, educando e inspirando as gerações vindouras.”
“O Festival de Jazz do Valado dos Frades tem sido uma fonte de inspiração para muitos músicos locais, influenciando-os a dedicarem-se ao jazz e até mesmo a prosseguirem estudos na área. Com uma orquestra juvenil e a Big Band da Nazaré, dirigidas pelo maestro, já surgiram vários talentos na região. O festival deste ano, que decorre ao longo de todo o mês, conta com uma programação diversificada, incluindo atividades como o “Jazz Vai à Escola”, que visa introduzir as crianças ao mundo do jazz.
A seleção de artistas para o festival é meticulosa, buscando equilibrar entre talentos nacionais e internacionais. Parcerias com festivais estrangeiros, como o de Cap Breton, permitem intercâmbios culturais e oportunidades para músicos portugueses se apresentarem no exterior.
A presença de um público internacional já é percetível, com uma comunidade francesa e belga significativa na região. A relação entre o festival e a comunidade local tem evoluído ao longo dos anos, com muitos habitantes demonstrando orgulho pela realização do evento, mesmo que não sejam frequentadores assíduos. O nome do Valado dos Frades está agora associado não apenas ao jazz nacional, mas também à longevidade e qualidade do festival, sendo reconhecido por entusiastas de jazz em todo o país.”
“É, portanto, natural que, à medida que o festival cresce, se procurem outros locais para realização dos concertos, tanto para acomodar um público maior quanto para oferecer uma variedade de ambientes e experiências aos espetadores. A parceria com o Cine Teatro da Nazaré, por exemplo, permite a realização de eventos em espaços com capacidade para mais pessoas e melhores condições técnicas.
No entanto, manter a ligação com o Valado dos Frades é essencial, uma vez que é lá que o festival tem as suas raízes e onde muitos dos habitantes locais se orgulham da sua realização. Através de parcerias com outros espaços culturais e teatros na região, o festival pode expandir a sua presença e atrair um público mais diversificado, contribuindo para a promoção do jazz e da cultura em geral em toda a área circundante.”
“Esse espetáculo nas festas da cidade das Caldas é sempre um momento especial para mim e para a nossa orquestra. Estamos a falar de uma tradição que já dura há muitos anos, onde temos a oportunidade de celebrar a música e a cultura local com a comunidade. Este ano, vamos apresentar um repertório variado, que inclui desde clássicos da música portuguesa até temas mais contemporâneos, passando por arranjos originais e algumas surpresas.
É uma oportunidade para reunir as pessoas, criar um ambiente festivo e mostrar o trabalho e o talento dos músicos da nossa região. Estamos sempre muito entusiasmados para participar neste evento e esperamos poder proporcionar momentos de alegria e diversão para todos os que estiverem presentes.”
Ouça aqui a entrevista na íntegra ou a partir de amanhã na nossa secção de podcasts