O Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria completou dez anos de atividade, consolidando-se como uma infraestrutura científica de referência nacional e internacional no domínio das ciências marinhas. A celebração decorreu na segunda-feira, 14 de julho, no auditório da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), em Peniche.
Inaugurado em 2015 no porto de Peniche, o CETEMARES representa muito mais do que uma simples infraestrutura científico-tecnológica. “É um símbolo de visão, de investimento estratégico e de ciência pensada, como compromisso para com a investigação ligada ao mar e aos seus recursos”, sublinhou Maria Jorge Campos, coordenadora do MARE-IPLeiria, durante a cerimónia.
O edifício, com cerca de 2000 metros quadrados, alberga laboratórios modernos e totalmente equipados nas áreas de biologia, pescas, aquacultura, biotecnologia, química, microbiologia e marisco. Constitui a única infraestrutura da região Oeste dedicada exclusivamente às ciências e tecnologias do mar, incluindo ainda espaços para ensino e transferência de conhecimento.
Atualmente, o CETEMARES acolhe mais de 40 investigadores integrados que desenvolvem trabalho científico em biotecnologia marinha, ecologia, conservação, recursos alimentares marinhos, aquacultura e literacia dos oceanos. O centro funciona também como espaço de formação, recebendo estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento, além de dezenas de bolseiros investigadores nacionais e internacionais.
A investigação desenvolvida no centro procura responder aos desafios atuais e futuros, através de soluções para o aproveitamento sustentável dos recursos marinhos. Os investigadores isolam compostos bioativos com aplicação na alimentação, agricultura, saúde e cosmética, analisam os impactos das alterações climáticas e da poluição, e apoiam a valorização económica e social das comunidades costeiras.
“A investigação que aqui desenvolvemos é aplicada e pretende responder aos desafios do presente e do futuro”, explicou Maria Jorge Campos, destacando o papel do CETEMARES como “ponte entre a academia e as empresas, e entre a ciência e a sociedade”.
Sérgio Leandro, diretor da ESTM, elogiou o trabalho desenvolvido ao longo desta década e a importância do centro no contexto da economia azul. “Os projetos que têm vindo a ser desenvolvidos no CETEMARES são uma motivação para que os investigadores possam olhar para a investigação com objetivo de criar impacto na sociedade”, afirmou.
O diretor destacou ainda a capacidade do centro para “criar oportunidades para o desenvolvimento de ideias, colocar essas ideias na prática, para que possam gerar valor económico e suportar o desenvolvimento da economia azul, gerando empregabilidade e atraindo investimento”.
Entre os produtos inovadores já desenvolvidos no CETEMARES encontram-se pão, gin, azeite, gelado e mel em pó confecionados à base de algas, paté de percebe com amora silvestre, hambúrgueres, salsichas e afiambrados com peixe e algas, demonstrando a capacidade de valorização dos recursos marinhos.
A celebração do décimo aniversário destacou também a importância estratégica do CETEMARES no contexto da rede Hub Azul – Peniche e da iniciativa SmartOcean, contribuindo para o desenvolvimento de soluções integradas que unem ciência, comunidades costeiras e empresas em torno da sustentabilidade marinha.
A sessão comemorativa incluiu ainda as participações de Acácio Grandela, presidente da Associação de Mariscadores da Berlenga, que abordou as parcerias entre cientistas e mariscadores para a sustentabilidade, e de João Rito, sócio-fundador da SEAentia, que apresentou a importância do CETEMARES no tecido empresarial.
O CETEMARES afirma-se assim como um exemplo de sucesso na investigação marinha aplicada, contribuindo para o conhecimento científico e para o desenvolvimento sustentável da economia azul na região Oeste.