Numa conjuntura preocupante, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) emitiu um alerta sobre o crescente risco de doença respiratória precoce entre os jovens devido à proliferação do uso de cigarros eletrónicos. Este aviso alinha-se com a recente convocação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ação imediata em relação ao consumo desses dispositivos.
De acordo com a OMS, adolescentes entre 13 e 15 anos utilizam cigarros eletrónicos em taxas superiores às dos adultos em todas as regiões. A coordenadora da Comissão de Tabagismo da SPP, Sofia Ravara, sublinhou os danos substanciais causados pelos cigarros eletrónicos, contribuindo para infeções recorrentes e, consequentemente, aumentando o risco de doenças respiratórias crónicas na idade adulta.
Ravara enfatizou que os sintomas respiratórios resultantes do uso incluem tosse, pieira, dificuldade respiratória e agravamento da asma. Referindo casos na Europa, destacou a ameaça da lesão pulmonar aguda Evali, enfatizando que esta não está limitada aos Estados Unidos e ocorre tanto em utilizadores de nicotina quanto em não-nicotina.
A Epidemia Silenciosa:
A SPP expressa preocupação com a crescente epidemia de cigarros eletrónicos, cujo consumo é apontado como altamente aditivo, causando danos a médio e longo prazo. O relatório da OMS, ‘Electronic Cigarettes Call to Action’, destaca o uso alarmante entre crianças e jovens, bem como os riscos para a saúde e desenvolvimento fetal em mulheres grávidas.
Ação Urgente Necessária:
Atualmente, 34 países proíbem a venda de cigarros eletrónicos, enquanto 88 não estabeleceram uma idade mínima para a compra. A OMS insta os países a reforçarem as proibições e a imporem regulamentações rigorosas, incluindo a proibição de sabores, restrições à concentração de nicotina e tributação. A Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública também pede ações imediatas, aplicando o princípio da precaução em saúde pública.
Indústria do Tabaco Sob Acusação:
A OMS acusa a indústria do tabaco de lucrar com a destruição da saúde e de manipular informações para influenciar decisores e governos. O relatório sublinha que os cigarros eletrónicos não são eficazes para deixar de fumar e adverte para os efeitos adversos para a saúde. A indústria é criticada por promover agressivamente esses produtos junto de jovens, enquanto continua a vender biliões de cigarros tradicionais.
Em resumo, a crescente preocupação com o uso de cigarros eletrónicos, especialmente entre os jovens, exige uma resposta urgente e rigorosa por parte das autoridades de saúde e de toda a comunidade.