O diretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) do Politécnico de Leiria, Sérgio Leandro, participou na Conferência Nacional da Sustentabilidade Brasil 2025, onde apresentou uma visão inovadora sobre o papel das tecnologias marítimas no futuro da agricultura sustentável.
Durante a conferência, que decorreu entre 11 e 14 de junho em Vitória, Sérgio Leandro defendeu que os governos devem atuar com urgência para impulsionar a inovação na economia azul. “O investimento em tecnologias para a economia azul é fundamental para alcançar o crescimento sustentável, a boa governança oceânica e a resiliência climática”, afirmou o responsável académico.
A intervenção de Sérgio Leandro centrou-se no tema “Do Campo ao Oceano. Tecnologias Marítimas e o Futuro do Agro”, uma abordagem que explora as conexões entre os setores marítimo e agrícola. O especialista sublinhou que as tecnologias marinhas representam inovações sustentáveis e eficientes na utilização de recursos, com capacidade para transformar toda a cadeia agroalimentar.
“Estas tecnologias têm potencial para revolucionar a agroindústria, desde as culturas e matérias-primas até ao processamento e embalagem”, explicou Sérgio Leandro. O académico destacou que esta transformação deve alinhar-se com objetivos de resiliência climática, segurança alimentar e preservação da saúde dos oceanos.
O painel integrou-se nas temáticas da Economia Azul e Agro, propondo uma reflexão sobre as sinergias entre os dois setores. O foco recaiu na inovação tecnológica e nos caminhos sustentáveis para o futuro da agricultura, numa perspetiva que valoriza os recursos marinhos.
Sérgio Leandro referiu que a crescente importância atribuída aos oceanos, tanto a nível nacional como internacional, tem estimulado investigadores e empreendedores a desenvolver soluções inovadoras com impacto real e capacidade de gerar valor económico. Neste contexto, destacou a criação de infraestruturas de suporte à inovação, como a Rede Hub Azul Portugal, que inclui o Polo de Peniche – SmartOcean.
Entre as principais inovações tecnológicas do setor marítimo, o diretor da ESTM identificou várias áreas promissoras. Os sensores e a Internet das Coisas (IoT) permitem a monitorização oceânica em tempo real, enquanto a Inteligência Artificial e a análise de big data facilitam a modelação e previsão de ecossistemas marinhos.
O especialista mencionou ainda os sistemas autónomos, como veículos subaquáticos autónomos (AUVs), drones e veículos operados remotamente (ROVs), que revolucionam a inspeção subaquática e a recolha de dados. Destacou também o desenvolvimento de materiais avançados resistentes aos ambientes marinhos mais exigentes e as ferramentas biotecnológicas para extração sustentável de produtos de alto valor a partir de organismos marinhos.
Quanto às relações futuras entre tecnologias marítimas e agricultura, Sérgio Leandro apontou várias possibilidades. A biotecnologia marítima pode reforçar a sustentabilidade e resiliência das culturas agrícolas através do desenvolvimento de biofertilizantes e bioestimulantes de origem marinha.
A mitigação climática nas cadeias de valor agroalimentares representa outro caminho promissor, com soluções como a captura de carbono por macroalgas para compensar as emissões da agroindústria. A genómica marinha e a agricultura de precisão podem potenciar a inovação na produção e processamento de alimentos.
O académico referiu ainda a importância de melhorar a eficiência hídrica e a reciclagem de nutrientes, recorrendo a tecnologias de dessalinização alimentadas por energias marinhas. Estas soluções integradas podem transformar a forma como produzimos e processamos alimentos.
A Conferência Nacional da Sustentabilidade Brasil posiciona-se como o principal fórum de debate sobre sustentabilidade no país. O evento reúne especialistas, decisores políticos e agentes de mudança em torno de soluções concretas para a transformação socioambiental no Brasil e no mundo.
Durante quatro dias, a conferência abordou temas diversificados, desde justiça climática e inovação até direitos humanos, competitividade, finanças verdes, cultura, saúde e infraestruturas regenerativas. A participação de Sérgio Leandro inseriu-se nesta agenda abrangente, contribuindo com a perspetiva portuguesa sobre a economia azul e as suas aplicações na agricultura sustentável.