O coletivo “Guardiões do Mar Alcobaça e Nazaré” manifestou preocupação relativamente à utilização de material potencialmente poluente nas margens dos rios Baça e Alcoa, durante os trabalhos de limpeza recentemente realizados nestes cursos de água.
Segundo os ambientalistas, foi identificada a colocação de uma suposta “manta orgânica” em determinados locais, que estaria assente sobre uma rede fina de plástico que, por sua vez, cobria uma outra manta fina de plástico preto. António de Lemos, membro do grupo, alerta que esta prática poderá ter consequências nocivas para o ecossistema fluvial.
“A utilização de plástico na margem de um rio leva a que o plástico vá parar ao rio. Mesmo que o plástico seja muito fino e a sua decomposição se efetue com alguma rapidez, vai provocar milhões de partículas de plástico”, afirmou o ambientalista, acrescentando que “as micropartículas vão escorrer para a água do rio, transportadas pela água da chuva, ou pelo vento, contaminando assim as águas do rio e consequentemente a água do mar”.
O coletivo defende que “a prevenção na origem é um aspeto crucial para enfrentar o desafio da poluição por microplástico”, princípio que, no seu entender, não foi respeitado nesta intervenção. Face a esta situação, os “Guardiões do Mar” consideram que a Câmara Municipal de Alcobaça deveria proceder à remoção destas telas das margens dos dois rios.
Em resposta às críticas, Paulo Mateus, vereador do Ambiente da autarquia de Alcobaça, esclareceu que se trata de “telas biodegradáveis, onde foram embutidas sementes”, garantindo que “as telas irão desaparecer e as plantas vão germinar”.
A intervenção de limpeza do leito e taludes, estabilização e reforço de taludes, tratamento e recuperação de comportas e açudes dos Rios Alcoa e Baça foi adjudicada a uma empresa privada, num investimento que ultrapassou um milhão de euros, conforme recorda o Jornal de Leiria.