A edição de 2025 da MESTRA – Mostra Mercado da Cerâmica converteu o Parque D. Carlos I num epicentro de criação artística, onde milhares de visitantes descobriram a cerâmica enquanto expressão cultural viva e em constante evolução. Durante três dias intensos, a iniciativa voltou a demonstrar a capacidade única desta arte ancestral para unir gerações e territórios.
O evento confirmou-se como uma plataforma privilegiada para o encontro entre o saber tradicional e as novas linguagens cerâmicas contemporâneas. Vítor Marques, presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, salientou a “simbiose perfeita entre a cerâmica tradicional e a cerâmica contemporânea de autor”, destacou o carácter intergeracional que caracteriza a mostra. O autarca enfatizou ainda o papel das atividades criativas como “pilar essencial” no reforço da posição da cidade enquanto membro da rede de Cidades Criativas da UNESCO.
Mosaico nacional da cerâmica
A participação de mais de 50 ceramistas representou um verdadeiro mapa da cerâmica portuguesa, com presenças de Alcobaça, Barcelos, Estremoz, Covilhã, Leiria e Tomar, entre outras localidades com forte tradição cerâmica. A colaboração da Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica contribuiu para amplificar a dimensão nacional do evento.
Um dos momentos mais simbólicos foi a inauguração da exposição coletiva “Rainha Mestra”, que reuniu azulejos criados pelos ceramistas participantes em homenagem à Rainha D. Leonor. Esta iniciativa marcou os 500 anos do seu legado através de um gesto coletivo que entrelaçou tradição, memória e criação contemporânea.
Laboratório criativo a céu aberto
O fim de semana transformou o espaço num autêntico laboratório de experimentação artística. A procura pelas oficinas participativas, visitas guiadas, demonstrações ao vivo e experiências práticas com barro superou as expectativas, com várias atividades a esgotar rapidamente.
Famílias inteiras, crianças, jovens e visitantes de diferentes regiões envolveram-se entusiasticamente em propostas como “Zás-Catracartaz!”, “Pincéis do Mato”, modelação em gesso, ilustração de receitas e oficinas de azulejaria promovidas pela Azulejaria Sá Nogueira. O Laboratório de Experiências, dinamizado pelo CENCAL, proporcionou aos mais novos o contacto direto com a roda de oleiro e técnicas tradicionais.
Programa cultural diversificado
A vertente cultural incluiu concertos do Coro Social do Bairro, Trio MaraBilha e Supertronik Bootleg – Dixie Band, complementados pelo espetáculo de marionetas com barro da Trupe Fandanga. Dois episódios de podcast foram gravados ao vivo com criadores locais, numa iniciativa que aproximou o público dos processos criativos.
O ciclo de conversas “As Mãos Pensam”, com curadoria de Celeste Afonso, abriu espaço para reflexões sobre o artesanato enquanto prática contemporânea. A iniciativa reuniu artesãos, designers, investigadores e representantes institucionais num debate que se prolonga pelos próximos meses.
A MESTRA é uma promoção do Município das Caldas da Rainha e integra o projeto “Cidades Criativas UNESCO Centro de Portugal”, cofinanciado pelo PT2030/Centro2030. O evento consolida a posição das Caldas da Rainha como cidade criativa do artesanato e das artes populares, num espaço onde tradição e inovação se encontram numa celebração comunitária da cerâmica.