O Vimeiro de Alcobaça voltou a ser palco de adrenalina pura no passado domingo, 8 de junho, com a realização da Quinta Subida Quase Possível. O evento, organizado pelo Círculo de Agricultura e Desporto do Vimeiro, desafiou dezenas de motociclistas a vencer uma encosta de 160 metros com elevado grau de dificuldade na zona sul da localidade, entre o Vimeiro e Santa Catarina.
A prova decorreu na encosta conhecida como Cabeça do Castelo, um local com cenário espetacular que oferece vistas privilegiadas sobre os campos de macieiras característicos da região. A proximidade com o castro do mesmo nome confere ao local uma atmosfera única que atrai participantes e espetadores de todo o país. O desafio consiste em percorrer os 160 metros de subida íngreme no menor tempo possível, uma tarefa que exige perícia técnica e uma boa dose de coragem por parte dos pilotos.
A competição atrai motociclistas das mais variadas idades e proveniências. e já atraiu participantes como o Enzo, de apenas quatro anos, vindo do Algarve, e Ginga, de 55 anos, natural da zona de Ourém. Entre os casos mais curiosos conta-se um piloto que se deslocou propositadamente da Madeira para participar no evento, alugando uma motocicleta para o efeito. A maioria dos participantes veio do sul do país, especialmente do Algarve, embora também tenham estado presentes pilotos do norte, centro e Alentejo.
A organização dividiu a competição em três categorias distintas para garantir maior equidade entre os participantes. A classe de motas normais destina-se a veículos de origem, enquanto os protótipos incluem motocicletas modificadas com chassis mais compridos ou motores adaptados. Existe ainda uma categoria específica para motorizadas de 50cc. Os prémios monetários foram generosos, com o primeiro lugar das motas normais e protótipos a receber 500 euros, o segundo 300 euros e o terceiro 150 euros. Na categoria de motorizadas, o vencedor levou 150 euros, o segundo classificado 100 euros e o terceiro 50 euros.
O evento só foi possível graças ao apoio de mais de uma centena de voluntários que asseguraram o funcionamento de todas as vertentes da organização. Entre comissários de pista, staff de apoio, serviços de bar e cozinha, controlo de trânsito e estacionamento, a logística exigiu um esforço coordenado que envolveu praticamente toda a comunidade local. A Câmara Municipal de Alcobaça, a Junta de Freguesia do Vimeiro e os Bombeiros Voluntários locais foram parceiros fundamentais para o sucesso da iniciativa.
A Quinta Subida Quase Possível representa também uma importante fonte de receita para o Círculo de Agricultura e Desporto do Vimeiro, associação que enfrenta desafios significativos na manutenção das suas instalações. O pavilhão da coletividade necessita de obras profundas no telhado, que contém amianto e exige uma intervenção orçamentada entre 130 a 160 mil euros. Enquanto estas obras não se concretizam, o campo de futsal permanece encerrado, privando as equipas locais de um espaço de treino essencial.
A denominação “Quase Possível” surgiu por uma questão de direitos de marca, já que existe uma prova similar no Algarve com o nome “Subida Impossível” registado há mais anos. Os organizadores locais adaptaram criativamente o nome, mantendo o espírito desafiante da competição. O evento teve início em 2018, mas foi interrompido durante a pandemia, retomando depois o seu calendário regular.
Para além da componente desportiva, a jornada incluiu serviços de restauração e bar, criando um ambiente festivo que se prolongou ao longo de todo o domingo. Os organizadores disponibilizaram ainda uma zona de campismo para quem desejasse pernoitar no local.
O sucesso da quinta edição confirma a crescente notoriedade nacional desta prova de motociclismo, que consegue combinar desporto radical com a promoção turística de uma das mais belas regiões do Oeste. Os organizadores já olham para o futuro com otimismo, planeando a sexta edição para 2026, sempre com o objetivo de proporcionar um domingo diferente a todos os que procuram adrenalina sobre duas rodas.
Entrevista conduzida por Rui Vieira no “Bom Dia Oeste”:
